vai o passarim
passarinhando.
de lá pra cá
de cá pra lá
daqui pra mi
dali pra ré
sem dó.
ih, óo passarindo embora.
bem trovador que é,
foi passarinhar poracolá.
18.02.09
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Foi carnaval
É cinza, são cinzas.
Lá se foi meu carnaval,
E me restou quarta-feira.
Sobrou o confete caído
E a voz rouca
Meu samba calou, murchou.
Minha viola, tristonha,
Nem choro fez,
Nem pensou em drama
Só se calou.
Lá se foi meu carnaval,
E me restou quarta-feira.
Sobrou o confete caído
E a voz rouca
Meu samba calou, murchou.
Minha viola, tristonha,
Nem choro fez,
Nem pensou em drama
Só se calou.
Acorda e faz o ritual de todos os dias.Não há tempo pra pensar.Então surge o dia já no meio, profanando semanas de obediência à automatização.Eis o tempo que não tinha, e que poderia ficar sem ter.E lá vem a numeralha de incertezas, das pessoas na rua e você.Na rua? Nas pessoas? Na numeralha? E por lembrar de livros que nunca terminou, e o título daquele do Balzac que nunca leu, a idéia de não-vida não é mais idéia.Seguindo a seqüência delas, se reflete deformado no conto do meio, e acha ridículo o novo eufemismo.E pra que serve o espelho senão pra isso?E pra que servir pra isso?
Pensa sempre em abandonar as interrogações, a entonação no final das frases.
Por uma tarde cansa de acreditar na teoria dos figurantes, de fingir as coisas fáceis.Amanhã será um dia de não-vida, de coisificação.O resto do ano também.Como tem que ser.Falso fácil!
Pensa sempre em abandonar as interrogações, a entonação no final das frases.
Por uma tarde cansa de acreditar na teoria dos figurantes, de fingir as coisas fáceis.Amanhã será um dia de não-vida, de coisificação.O resto do ano também.Como tem que ser.Falso fácil!
A dor na garganta naquele lugar era uma novidade.Como podia, assim, num vagão ter aquela dor tão dor, e tão sem motivo? Se ali descobrissem que ela estava com aquilo de novo, com aquela do Stevens na cabeça – se ela descobrisse que aquilo é ela e mais nada, que ela é tão romântica. Lutava contra isso: franzia a testa, torcia o nariz, olhava pro chão, se segurava ao ferro com tanta força, como se quisesse ser daquele mesmo jeito, frio, segurando todo mundo, mudo. Queria sair, chamar os amigos e ir à praia, ao campo, até às coisas mais bucólicas, aderir ao islamismo, ao cinismo, ao pragmatismo, aos ismos, usar as drogas de sessenta quase setenta e dormir. Pra ver se parava de pensar, se facilitava as coisas, se parava de perceber a garganta. De repente um intervalo de quarta descendente:
-“Estação-a-sua.”
Descia e continuava. “I hope you have a lot of nice things to wear”
-“Estação-a-sua.”
Descia e continuava. “I hope you have a lot of nice things to wear”
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